Querido companheiro,
Hoje foi a minha primeira atuação no Hospital Infantil Lucídio Portela, em Teresina, também conhecido como HILP.
Revelo que foi meio estranho o início. Entro neste hospital toda semana para assistir aula, mas neste dia ele me pareceu mais bonito, mais atraente e com uma simbologia maior.
Confesso que a transformação no meu clown foi muito mais encantadora: a roupa, o nariz e a maquiagem possuiam um quê inexplicável que me moviam, desafiavam-me e diziam para que eu me esforçasse ao máximo.
A minha parceira neste dia foi a Violeta Chapelão, mas no meio daquela folia ela era a minha Violetinha. Tínhamos tanto em tão pouco tempo... A minha melhor companheira do mundo arrasou...
A nossa entrada não foi triunfal, mas foi mágica. Subimos uma rampa de acesso cantarolando músicas que não lembro nesse momento, só sei que cantávamos...
Logo que chegamos na enfermaria, as enfermeiras nos receberam com agrado, mas boquiabertas em ver aqueles dois, com suas maquiagens, seus narizes e seus espíritos alegres.
Foi muito bom ser recebido pelas crianças, embora algumas tivessem receios diantes as nossas figuras. Porém, não tardou muito para que a maioria se juntasse às brincadeiras, às danças - especialmente o KUDURO, ao tocador de balão - especialista em acalmar crianças no aerossol, à cadeira de fórmula 1 - que levou inúmeros a andar pelos corredores do hospital e, não posso esquecer-me, da transformação da Violetinha em bomba de encher balão; isso encorajou o Antonio a encher o dele com mais força e precisão, embora ele estivesse fraquinho pela sua doença.
Impossível esquecer algumas coisas e nomes: Antonio, Mateus, moça da Limpel dançando KUDURO por 2 vezes, Violetinha levando o vigia pra dançar forró, a coreografia feita com as mães dos pacientes e os olhares e os sorrisos de quem queriam participar, porém não podiam devido a enfermidade que possuíam ou porque não se entregaram ao jogo. Depois de tudo, na hora da nossa saída, descendo a rampa de acesso, fomos perseguidos por 3 menininhas. Nos escondemos e aplicamos a técnica do ENCONTRÃO. Resultado: susto e risos, e um pedido para que retornassem para suas mães e se comportassem direitinho. Garotas obedientes!
No momento de tirarmos o clown, um peso abateu-me. Era uma mistura de cansaço e vontade.
No fim de tudo, O CANSAÇO LEVOU-ME PARA CASA E A VONTADE CONTINUA ESPERANDO O PRÓXIMO ENCONTRO.
Atencioamente,
Chico Pitchula.